30 de dez. de 2010

O Lado Sombrio Da Lua - Cap 9!


Nota da autora: Vocês se lembram que paramos com Edward correndo na floresta depois de dizer adeus para Carlisle e Esme, rumo a Montana para começar a caça por Victoria. Aqui é onde entramos no mundo desconhecido de Twilight, então eu tenho um pouco mais de espaço para brincar enquanto Edward tenta encontrar sua inimiga. Dizendo isso, vocês todos sabem que ainda tentarei permanecer fiel o máximo possível. Espero que você gostem dessa pulada de cerca, assim dizendo. =)





Distração



Cada passo que dei para longe dela se tornou mais e mais difícil. Era como se eu estivesse correndo em concreto molhado, e quanto mais longe eu ia, mais espresso ele se tornava. Como eu queria voltar – subir pela janela do quarto dela e implorar por seu perdão. Não era longe, e eu sabia que o tempo não significaria nada se eu estivesse indo em sua direção. Eu ansiava ouvir a sua voz, mesmo seus gritos de raiva. O castigo seria celestial se eu pudesse estar com ela novamente.



Mas o meu castigo não significava nada comparado ao que ela tinha passado nos últimos oito meses. Não, eu tinha que continuar. Para longe… deixá-la ir… só mais um passo…



As luzes da cidade apareceram diante de mim, mas eu não tinha idéia de onde estava. O som fraco de carros anunciou algum tipo de civilização e eu virei entorpecido para o barulho. Ela estaria segura… Eu estava longe dela. O que eu faria sem ela?



Minha cabeça clareou, lembrando da minha missão auto-imposta. A caçada… encontrar e matar Victoria. O nome e a memória de cabelos vermelhos que ele conjurou, libertou da saudade um pequeno canto da minha mente. Eu tinha um objetivo, mesmo sendo ele um vazio, e encontraria, se não a paz, então talvez uma direção nele. Victoria…



A visão final de Alice tinha apontado o caminho para o deserto remoto em Montana. A caçada me levaria para mais longe ainda, com esperança entorpecendo a dor perfurante que a ausência de Bella deixou no meu peito.



A rodovia ficou à vista, seus sinais verdes e brancos anunciando a cidade de Olympia à frente. Levei muito mais tempo do que o habitual para correr até aqui; o sol já se tinha posto e a noite escura, sem lua, havia se estabelecido na cidade. Os vôos para Billings há muito haviam partido. Eu teria que ser mais criativo com o meu transporte.

Correr levaria muito tempo; eu precisava de um carro. Segui a estrada para a cidade, correndo entre as árvores ao longo do acostamento por um tempo, mas virei para o norte quando reconheci as ruas. Havia um revendedor próximo, durante o verão Jasper e eu viemos para olhar os novos Mustangs. Perguntei-me se eles tinham a nova linha. Não seria tão afinado como o Volvo, mas também não cheiraria o mesmo… como ela.



Aquele cheiro, tão doce… Meus joelhos dobraram, mas me segurei em um poste de luz. Transporte… caça… Victoria. Meus pés avançaram.



As luzes na concessionária deram as filas de carros um tom artificial azul sob seu brilho fluorescente. Eu caminhei direto para o showroom, espiando o carro preto que seria meu. Com suas listras de corrida e capuz encaixado, o carro exalava poder, velocidade. O oposto de discreto, este carro gritava por atenção… e minha memória me traiu novamente.



“Tentamos nos misturar,” eu disse.



“Vocês não conseguem.” Sua voz flutuou sobre meus pensamentos, me provocando com o duplo significado de suas palavras.



Eu vou conseguir, jurei a mim mesmo em silêncio. Ela vai ficar segura e, eventualmente… feliz.



A natureza visível do carro não importava de qualquer maneira. Se eu fosse rastrear Victoria, teria que seguir seus caminhos. Nômades viajavam quase que exclusivamente à noite, escondendo-se durante o dia. No escuro, o carro não era tão atraente, e eu precisava de velocidade. Minha última indulgência.

O local estava tranqüilo nessa noite, e os vendedores estavam aglomerados em torno da mesa da recepção, despindo sua ocupante com seus pensamentos. A menina era normal em comparação à minha Bella. O meu pensamento voltou para seus cabelos castanhos e olhos cor de chocolate, antes que me segurasse.



Victoria. Preciso. Localizar. Victoria.



“Ahem. Posso falar com o gerente de vendas?” Perguntei, interrompendo as fantasias dos homens.



Os três homens pararam seus devaneios e me encararam. O mais alto tinha a minha altura, e olhou para seus parceiros. O que esse garoto quer? Seu pensamento ecoou na cabeça dos outros.



Grata pela interrupção, a mulher sorriu para mim. “Vou ligar para ele.”

O alto ergueu a mão, interrompendo-a. Registrei seu nome, Stan, através das risadas nas cabeças dos outros. “Ele está com um cliente. O que você precisa?” Um copo de leite? Sua mamãe?



“Eu preciso deste”, disse eu, apontando para o carro de alto desempenho ao meu lado.



“Certo. E você parece ter sessenta mil dólares escondidos entre os seus livros de escola.” Stan olhou de volta para seus amigos e todos riram.



Eu não tinha tempo para esse absurdo. “Por favor, interrompa o gerente de vendas e mostre para ele o meu cartão”, eu disse para a recepcionista, ignorando-o. Seus olhos vidraram quando ela acenou, erguendo sua mão mole para mim.



“Você realmente não deveria fazer isso com as pessoas,” a memória de Bella sussurrou.



Retirei um cartão de crédito preto do meu bolso de trás e comecei a passá-lo para ela em um gesto humano dolorosamente lento. Com grande contenção deixei o falastrão arrancá-lo dos meus dedos.



Que diabos é isso? O cartão de crédito do papai? Somos o peixe grande no pedaço essa noite, não somos? “O que é isso?” Ele olhou para o cartão. “Um cartão American Express preto? Você realmente é sem noção. De que isso é feito, de uma lata vazia de refrigerante?” Onde ele conseguiu isso, em uma loja de brinquedos?



AH MERDA! Seus amigos reconheceram a significância, e um arrancou o cartão de sua mão e se dirigiu correndo aos escritórios. O outro deu uma cotovelada nas costelas do Stan. “Eu acho melhor você baixar o tom.” Ele ajeitou a gravata e os ombros. “Gostaria de fazer um test drive no carro, senhor?” perguntou ele, tornando-se em um empresário.



Stan bufou. “Você vai deixá-lo entrar no carro por causa disso?” Ele jogou um polegar por cima do ombro para o homem desaparecendo na sala dos fundos.



“Absolutamente. Titulares de cartões Centurion recebem apenas o respeito maior aqui na Olympic Ford. A propósito, sou Andrew.” Ele estendeu a mão, mas ignorei. Ele acenou desajeitadamente em direção ao meu carro. “Este é o novo 2006 Saleen S281 Extreme. É equipado com o padrão de transmissão manual de seis velocidades…”



“Um cartão Centurion, certo,” Stan bufou. “Você tem o que? Dezoito, dezenove anos, garoto? Eu acho que não.”



Cale a boca, Stan, Andrew pensou. Nos fundos, uma cópia do meu relatório de crédito tinha acabado de ser impressa, e o gerente de vendas estava pegando seu queixo do chão. Talvez as coisas se movessem um pouco mais rápido agora.



Minha atenção se voltou para Andrew. “Estou bastante familiarizado com as especificações do Saleen. Este é equipado com Sirius?” Isso explicaria o volume preto na tampa do porta-malas.



“Sim, é, senhor, Instalamos ontem.”



Stan riu, pensando que eu devia estar muito cheio de mim, mas um outro homem de terno apareceu atrás dele com o meu cartão. “Sinto muito pelo tratamento descortês, Sr. Nicholls. Sou Fred Hutchins, director de vendas. Este é o carro no qual está interessado?”



Stan olhou para seu chefe. “Você não está falando sério…”, mas Fred o calou com um único dedo. Devo demiti-lo na frente do cliente ou não?



“Sim. Estou com pressa e gostaria que ele estivesse abastecido e pronto para ir o mais rapidamente possível.”



Fred sorriu, sabendo que sua secretária estava loucamente digitando em suas costas. “Já dei entrada na papelada, Sr. Nicholls. 45 minutos seria muito tempo? Você está convidado a esperar no meu escritório, a menos que queira inspecionar o carro um pouco mais. Ele está em perfeito estado, eu garanto.”



“Seu escritório seria ótimo.” Olhei para Stan, cuja boca estava escancarada, e sorri. Ele estaria se juntando às fileiras dos desempregados em cerca de trinta segundos.



“Logo aqui. Posso conseguir-lhe algo para beber?”



“Não, obrigado”.



A recepcionista observou o corte da minha calça enquanto eu me afastava. Andrew esperava que eu mencionasse sua hospitalidade.



“Eu já volto”, disse o gerente enquanto se afastava do escritório e fechava a porta. Antes de ir até a secretária para agilizar seu trabalho, ele demitiu Stan, e deu aumento aos outros dois vendedores. Os pensamentos dos humanos não foram suficientes para me distrair, e quando a recepcionista começou a rabiscar em seu bloco de mensagem, sua mão se transformou na de Bella em minha mente, girando e rodando sobre o papel. Amanhã Bella estaria na sala de aula, desenhando os mesmos círculos e diamantes, tão entediada quanto eu ficaria com os assuntos mundanos. O desejo de juntar-me a ela me fez ficar de pé.



Torci as mãos enquanto andava de um lado para o outro, tentando apagar a memória de sua pele quente contra a minha. Lembre-se da facilidade com que sua pele frágil se quebra, quão livremente seu delicioso sangue flui…



O rosto de James apareceu, lembrando como o sangue de Bella chama a todos de minha espécie. Eu saboreei o som de sua cabeça sendo arrancada de seu corpo, desejando que tivessem sido minhas mãos que tinham terminado a sua existência, não as de Jasper. Todos os três nômades ansiaram pelo sangue do meu amor… e eu ainda devia Victoria por isso. Seu rosto maléfico e de olhos vermelhos sorriu para mim, obscurecendo a imagem de Bella.



Enquanto o relógio na mesa de Fred contava os segundo torturantes, lutei para manter morte iminente de Victoria à frente dos meus pensamentos.



Trinta e oito minutos depois, eu estava ao volante do meu carro novo. Fred se ofereceu para me dar um tour, ‘orientação do veículo’ ele a chamou, mas eu o dispensei com uma nota de cem dólares e fui embora. Cheguei na rodovia pisando fundo, e quando o velocímetro atingiu 240, eu realmente sorri. Velocidade era o último vício que eu iria me permitir, e esta máquina não decepcionou. Uma vez fora da cidade, eu desliguei os faróis e empurrei o carro a seus limites. Nesse ritmo eu chegaria a Bighorn Canyon facilmente antes do amanhecer.



Quando ultrapassava um carro ocasional, captei o choque do motorista, assumindo que eles ainda me viram voar em bem mais de o dobro de sua velocidade. Diminua piscou através da mente de um motorista, trazendo de volta os temores de Bella de andar comigo.



“Ele dirige como um louco.” Cada pensamento, cada ação, voltava para ela, me provocando.



“Não”, ela sussurrou em minha mente, me implorando para voltar. A ferida aberta no meu peito migrou para as minhas costas, como se garras estivessem me rasgando, tentando me puxar de volta para ela. Não… sou mais forte que isso. Ela estará segura. Segura de Victoria.



Meus nervos se acalmaram um pouco quando me concentrei no mapa que eu tinha estudado dos arredores de Billings, mas Bella ainda sussurrava para mim. Eu tinha que encontrar alguma maneira de desligá-la, para ficar centrado na busca, ou eu estaria rastejando de volta para ela dentro de uma semana.



Olhei para o rádio, brilhando fracamente no painel, e percorri a lista de estações em minha mente. Música traria sua memória de volta para mim ainda mais forte, mas havia algo mais que eu poderia ouvir? Esporte? Não a essa hora da noite. Conversa na rádio? Não, essa era uma versão em áudio do disparate que ouvia das mentes humanas o tempo todo. Country/Ocidental? Ugh, muitas canções sobre perder sua amad. Então encontrei o gênero que seria perfeito. Muito obrigado, Emmett.



Liguei o rádio, silenciando-o enquanto procurava o canal 43. Rap. Eu não podia suportar o som, mas como meu irmão havia efetivamente demonstrado, preencheu o espaço extra no meu cérebro que Bella estava tentando ocupar. Ainda dificultava concentrar em Victoria, mas eu não estava constantemente tentado a virar e seguir para oeste… de volta ao meu amor.



Victoria… seus olhos vermelhos flutuaram na minha frente enquanto eu corria pela estrada escura e vazia. Lembrei-me da última primavera, limitando-me ao único encontro pessoal que tive com ela.



Seus pensamentos tinham sido diabólicos e viscerais; ela não tinha nenhuma utilidade para os outros, além de seu próprio entretenimento. Quando ela, James e Laurent se aproximaram do nosso jogo de beisebol, o esporte estava longe de sua idéia de diversão.



Qual é o ponto em procurar um bando de vampiros? Eles não têm nada a nos oferecer. Certamente, nenhum deles poderia rivalizar com James, ela pensou. Ela vivia da perseguição, deleitando-se sendo ambos presa e predador nos jogos que jogava com seus companheiros. James tinha sido sua medida para tudo o que ela nos considerava, uma vez que ela tinha conseguido superar o choque.



Oito… em um só lugar? Estadia definitiva? Que tipo de vampiros são estes? E os olhos… Não importa. Seus pensamentos espelhavam os de seus companheiros, assim que colocou sua surpresa de lado e analisou os nossos pontos fortes. Machos e fêmeas equilibrados igualmente, companheiros sem dúvida. Talvez haja um pouco de diversão nisso. Ela imediatamente descontou todas as mulheres como combatentes em sua mente, assumindo que sua experiência lhe permitiria vencer qualquer uma delas.



Ela considerava Bella como a mais fraca entre as mulheres, mesmo antes de saber da humanidade dela. O medo nos olhos de Bella tinha sido tão claro naquela noite. A estrada ficou turva diante de mim quando seus olhos grandes e tímidos obstruíram minha visão momentaneamente. Então, suas pálpebras fecharam, me mostrando aquele último momento…



“Não, eu não vou voltar!” Gritei para mim mesmo. Vinte e quatro horas não tinham passado. Se contenha!



A pancada no rádio mudou, me puxando de volta ao presente, e os pensamentos de Victoria voltaram. Sua arrogância era sua fraqueza, eu decidi, embora ela tivesse uma forte consciência dos que a rodeiam. Ela havia considerado cada um dos homens Cullen cuidadosamente. A força de Emmett era óbvia, como a liderança de Carlisle. Olhe como eles estão lá parados, fingindo que não somos nada para eles, ela pensou sarcasticamente. O loiro alto, ele é o verdadeiro lutador. Ele permanece solene, mas seus olhos e suas cicatrizes dizem mais que palavras. Ele é o perigoso.



Finalmente ela me olhou. Ele e a fraca, eles estão juntos. Sem cicatrizes, mas há algo nele. Esguio, possivelmente rápido. Ela analisou o terreno que tinham coberto para chegar ao nosso campo de beisebol, marcando uma rota de fuga em sua mente, caso fosse necessário.



Quando o vento traiu a natureza verdadeira e frágil de Bella, Victoria se tornou tão radiante quanto James, mas parei de ouvi-la naquele momento. Sem uma palavra de James, ele sabia que ela seguiria o resto da minha família enquanto ele seguia Bella. Eles usaram esta estratégia antes, James como a ponta da lança, ela como a contenção. Ele a valorizava como caçadora, e gostava de ver a indulgência dela quanto a violência – quase tanto quanto ele cobiçava cometê-la ele mesmo.



Como isso iria se traduzir, agora que ela estava sozinha? Ela facilmente passou por Forks; ela claramente era capaz de interagir no mundo humano, sem causar desconfiança. Será que ela continuaria a procurar mortes desafiadoras ou iria aderir a presas fáceis? James tinha sido o rastreador; ela se curvava a ele quando iam caçar. Depois de ver a visão de Alice da próxima refeição de Vitória, o caminho mais fácil parecia o mais provável.



Meus próprios dias nômades voltaram em um flash enquanto eu tentava me colocar no lugar de Victoria. A exposição sempre foi um problema, mas mesmo no mundo de hoje humanos descartáveis eram fáceis de encontrar. Aqui no deserto, caçadores e mochileiros seriam a escolha dela, mas ela não ficaria em uma área por muito tempo. Será que ela permaneceria no norte, possivelmente caçando ao redor da periferia das cidades, ou irá para o sul, para comunidades mais populosas e mais pobres?



Em meus dias de carrasco, eu cacei em torno das grandes cidades, preferindo o norte, onde eu raramente esbarrava em outros imortais. As cidades atraíam os criminosos, os que eu não só matei como também puni. Cada uma das minhas vítimas tinha merecido seu destino, mas homicídio justificável ainda é assassinato. Bella merecia algo muito melhor do que eu.



“Não importa…” sua memória respondeu.



Victoria. Certamente o tempo entorpeceria as minhas memórias de Bella… Pare com isso…



Victoria. Caça. Foco.



Victoria não seria tão exigente com suas vítimas como eu tinha sido. A cena do assassinato que eu visitaria primeiro era o local de uma morte sinistra, de acordo com as notícias. O mochileiro, um jovem, tinha sido muito espancado e dilacerado. Victoria tinha que disfarçar sua alimentação, mas eu sabia que ela apreciava a tortura tanto quanto o banquete. Com esperança, ainda haveria um rastro de seu cheiro para que eu pudesse confirmar minha teoria. Se eu pudesse identificar seu padrão de caça, então ela seria fácil de rastrear, e prever.



O corpo foi encontrado próximo de um dos acampamentos, há uma semana, mas não havia chovido ou nevado, então havia a possibilidade de pegar um rastro de Victoria. Com apenas uma hora até o amanhecer, eu não podia perder tempo.



Me aproximando da área de acampamento, estacionei fora da área isolada. A área principal estava programada para reabrir no final de semana, de acordo com o aviso publicado no portão. Não detectei vestígios de sangue, mas a natureza era muito eficiente em limpar suas sobras. Seguindo a trilha que tinha, sem dúvida, sido deixada pelos investigadores humanos, achei a cena do crime. Não havia fita isolante; não tinha havido nenhum crime, pelo menos aos olhos humanos. Uma única estaca amarela marcava o local de repouso da vítima no centro de uma pequena ravina.



Eu tentei me colocar no lugar de Victoria, encontrando o humano, então brincando com ele, machucando-o. Jogá-lo contra uma árvore? Eu circulei a estaca buscando, em seguida, encontrei seus cabelos grudados na casca de um tronco. Respirando fundo, senti seu cheiro fraco, misturado com o da vítima. Cuidadosamente inspecionei a árvore de novo, achando uma única gota de veneno perto dos cabelos. Ela deve ter provocado sua presa, incitando ainda mais medo nele antes de dar o bote fatal.



Meu estômago se contraiu com o pensamento de tal violência desenfreada. A vítima tinha acabado de casar, eu tinha lido. Ele não era alguém que merecia um destino tão horrível. Ela pagaria por este crime, bem como seus atos contra Bella.



A raiva me impediu de mergulhar no passado enquanto eu fazia mais um círculo ao redor da área. Seu cheiro casual se foi, só tinha sido a força do seu veneno que deixou qualquer vestígio. Mas eu sabia para onde ela estava indo, quem ela estava caçando em seguida. Enquanto corri de volta para o meu carro, também reconheci que não faria isso a tempo de salvar o campista desamparado.



Felizmente poucas nuvens cobriam o céu para obscurecer o amanhecer. Eu era um dos poucos carros deixando o acampamento tão cedo na manhã, mas havia uma fila considerável entrando. Se o sol ficasse livre para brilhar em cima de mim através do meu pára-brisa sem película, eu teria sido um espetáculo que poucos esqueceriam.



A cobertura de nuvens aumentou mais para o leste enquanto eu dirigia, livrando-me de ficar preso no meu carro até o anoitecer. Esta última morte seria mais difícil de encontrar, apesar de eu ter uma idéia por onde começar, com base na visão de Alice… e Google Earth.



Passei a tarde correndo pelo terreno espesso, seguindo os afluentes dos rios, procurando aquele que tivesse uma tenda destruída e um corpo morto. Havia apenas alguns humanos nas proximidades, caçadores, e eu lhes dei um amplo espaço. Quando fiz o meu caminho em torno deles, ouvi um grito de doer as entranhas na distância.



Enquanto milhas voavam debaixo dos meus pés, uma nova urgência me encheu. Eu poderia estar atrasado demais para o humano, mas Victoria poderia estar esperando no próximo amanhecer…



Não Glenda, não…



Eu cheguei no cume do morro e parei. Os pensamentos não vieram de Vitória, mas de um homem humano, o companheiro da mochileira que vi assassinada na visão de Alice. O ar estava silencioso, a não ser pelo choro dele… minha emoção há muito havia desaparecido. Enquanto eu analisava o perímetro do acampamento, ouvi o lamento do homem.



Ah, Glenda, eu sinto tanto. Eu nunca deveria ter deixado você sozinha… Ah, Deus, por quê? Ela merecia viver, porque você não me levou? O que vou fazer agora… Eu deveria ter ficado, eu poderia ter te protegido… Não há nada mais para mim.



Ele não tinha idéia do que tirou a vida de sua esposa, não tinha idéia do que se ele tivesse ficado, estaria morto deitado ao lado dela. Mas suas palavras correram como gelo nas minhas veias, alimentando a dor no meu coração.



E se Bella se machucar, agora que fui embora? E se eu pudesse salvá-la? Ela é tão frágil…



“E se eu a matasse?” Rosnei para mim mesmo, lembrando do seu sangue em meus lábios. O conceito parecia impossível, eu a amava muito, mas lembrei da minha primeira reação quando ela cortou o dedo. Não era para salvar, era para atacar. Eu era tão monstro quanto Victoria, pior porque eu disfarçava meu lado predatório muito bem.



Victoria. Concentre-se na caça. Como eu queria poder encontrar a nômade – matá-la seria como matar a pior parte de mim. Soltei o animal em mim, o cheiro dela me guiando como um farol. Apenas algumas horas se passaram desde que ela tinha estado aqui, ela não podia estar longe. Meus pés me aceleraram por entre as árvores, levando-me ao lugar onde eu poderia liberar todo o ódio que tinha por mim mesmo.



O espaço entre as árvores aumentou, e o cheiro de Victoria enfraqueceu. Ela seguiu uma linha reta para fora da floresta, evitando grande parte da folhagem frondosa que captou seu cheiro quando ela passou. Dei uma última fungada forte quando segui o seu caminho através de um mosaico isolado de jovens árvores. Os murmúrios de uma mente humana ao longe invadiu a minha concentração.



O som de sua rádio ecoava em seus pensamentos.



“…Na extremidade sul da Twentymile Creek, a leste da fronteira ARN. Rota Coroner.”



“Tango romeu cinco nove, câmbio. Estimado tempo de chegada – oito minutos”, respondeu o homem quando o sol rompeu as nuvens.



Dando uma parada, deixei uma vala na terra endurecida antes de derrapar de volta para a cobertura das últimas árvores. A mente que eu ouvi era de um piloto, e ele estava vindo nessa direção. Reflexivamente olhei para cima, procurando no céu pelo helicóptero.



“O que foi aquilo?” disse o co-piloto, e eu sabia que ele tinha me visto.



“Eu não sei, um lampejo de algo. Está no caminho, mantenha os olhos abertos.”



Maldição. Eu me enterrei no monte de mudas, repreendendo-me por ser tão descuidado. Os dois homens olharam para o chão abaixo deles enquanto sobrevoaram, mas não viram nada. Os pensamentos do piloto voltaram para sua missão, para verificar a última matança de Victoria. “Marque esta localização no GPS, vamos voltar depois de checar a cena.”



O helicóptero voltou na direção que eu tinha acabado de vir, e examinei a minha situação.



Para muitos, a visão seria espetacular. Diante de mim havia literalmente nada. Sem árvores, pouca relva, apenas terra plana e estéril, banhada pelo sol brilhante todo o caminho até o horizonte. Para mim era apenas um fim normal de trilha, e um lembrete cruel do vazio da minha existência.



Tinha estado nublado quando Victoria cruzou esta área, então nada a impediu de prosseguir. Agora que o sol tinha saído, a terra estéril, sem cheiro antes de mim, poderia muito bem ter sido um muro impenetrável.



Meus olhos cruzaram a terra marrom, procurando algum vestígio, algum flash ou lampejo que me mostrasse onde ela estava, mas não havia nada. Nada, além de marrom.



“Marrom é quente,” Bella disse em minha mente.



Cerrando os punhos como se eu pudesse fisicamente socar a memória, segui o meu próprio cheiro de volta para a floresta, cuidadosamente pulando de árvore em árvore. Uma vez que os ramos taparam a luz do sol, eu desviei para o norte, dando bastante espaço ao helicóptero de busca e salvamento e ao grupo que viria por terra.



Victoria iria viver mais um dia. Minha caça não seria tão fácil como eu tinha previsto, mas pelo menos iria ocupar-me um pouco mais. Sem as visões de Alice para me ajudar, eu tinha leitura e pesquisa à minha frente, proporcionando mais distração… eu esperava.



Enquanto corri de volta para o carro, o sofrimento do homem ecoou na minha cabeça. Embora eu tentasse empurrar para longe os soluços, eles persistiram, cada vez mais altos, torcendo e mudando em minha mente. O som tornou-se minha própria dor, quando me imaginei chorando sobre o corpo sem vida de Bella, mas minha tristeza hipotética foi ofuscada pela culpa. Vendo o crescente vermelho em sua jugular, sabendo que eu era aquele que tinha tirado a vida dela, me tornei tanto assassino quanto vítima em uma só virada.



Arrancando do estacionamento, descontei minha frustração com minha existência monstruosa na estrada. No final não importava, eu nunca estaria tão perto assim de Bella novamente. Entrelacei para dentro e para fora do tráfego, tentando superar a terrível verdade. Bella teria uma vida longa e feliz e, em seguida passar para uma eternidade no paraíso, sem qualquer interferência minha. Eu nunca iria experimentar seu calor de novo, ouvir sua risada, vê-la corar, nunca mais. Eu não merecia nada menos que isso.



Eu só rezei para que houvesse um fim para mim também. Das cinzas para as cinzas, no fim das contas…

Fonte: Foforks

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